Hibisco Roxo é o segundo livro da Chimamanda que eu leio, o primeiro foi Americanah, e mais uma vez a escrita da autora me encantou. A história é riquíssima, e vai além de uma ficção nigeriana, os aspectos culturais e as críticas envolvidas que nos fazem refletir sobre tantas coisas...
Nesse livro conhecemos uma família Nigeriana muito rica. Kambili é a filha mais nova, e apesar de ser uma adolescente, devido a superproteção do pai, tive a impressão de estar acompanhando uma criança ingênua.
"Para sentou-se à mesa e encheu uma xícara usando o serviço de chá de porcelana com flores cor-de-rosa nas bordas. Esperei que ele oferecesse um gole para mim e outro para Jaja, como sempre fazia. Um gole de amor, era como Papa chamava aquilo, pois a gente divide as pequenas coisas que amamos (...). O chá estava sempre muito quente, sempre queimava minha língua (...) mas não tinha importância, pois eu sabia que quando o chá queimava minha língua, ele estava queimando o amor de Papa em mim". (p. 14)
Jaja é o irmão mais velho, seguia tudo como a irmã, até chegar um momento em que começa a se questionar e se revoltar contra aquilo que era forçado a fazer. E o início do livro se dá exatamente em um desses momentos críticos, pois Jaja havia se recusado de receber a hóstia. Em vários momentos desejei ler o livro por meio do ponto de vista dele.
O pai, católico convicto, abolia qualquer outra coisa que considerasse pagã ou errado aos seus princípios, mesmo que isso significasse castigar a família caso esses descumprissem suas regras. Fica muito evidente os efeitos da colonização branca, principalmente, nesse caso, o da religião. Tudo o que fosse mais parecido com os costumes dos brancos, ele considerava superior, e dessa forma, um padre europeu era sua grande admiração.
A mãe é uma mulher que o tempo todo parece ficar à sombra do marido. Não falava muito, apenas dizia as frases adequada aos momentos. E apesar de todo o contexto de abuso, era "grata" ao marido que mesmo tempo oportunidades, não a traia com outras mulheres.
Em contraste à essa família, somos apresentados a outros personagens, como a irmã do pai, a tia Ifeoma e seus filhos. Amaka, a filha, diferente da prima Kambili (apesar da mesma idade praticamente), era uma garota questionadora e cheia de críticas e perguntas. Ela sem dúvidas e minha personagem preferida, ainda que inicialmente não tenha gostado da atitude dela.
Eu ri. O som foi esquisito, como se eu estivesse ouvindo a risada de um estranho numa gravação. Acho que nunca tinha me ouvido rir antes. (p. 191)
Ainda não consegui dar uma chance para essa leitura, mas este livro está na minha lista de desejados. Adorei a sua resenha <3
ResponderExcluirSai da Minha Lente
Dê uma chance para ele que você irá amar!
ExcluirQue bom que gostou <3
Obrigada pelo comentário, e já aproveito para avisar que a plataforma do blog mudou, o novo endereço é: https://bloglovelyplace.wordpress.com/