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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Hibisco Roxo de Chimamanda Ngozi Adichie

Hibisco Roxo é o segundo livro da Chimamanda que eu leio, o primeiro foi Americanah, e mais uma vez a escrita da autora me encantou. A história é riquíssima, e vai além de uma ficção nigeriana, os aspectos culturais e as críticas envolvidas que nos fazem refletir sobre tantas coisas...
Nesse livro conhecemos uma família Nigeriana muito rica. Kambili é a filha mais nova, e apesar de ser uma adolescente, devido a superproteção do pai, tive a impressão de estar acompanhando uma criança ingênua. 
"Para sentou-se à mesa e encheu uma xícara usando o serviço de chá de porcelana com flores cor-de-rosa nas bordas. Esperei que ele oferecesse um gole para mim e outro para Jaja, como sempre fazia. Um gole de amor, era como Papa chamava aquilo, pois a gente divide as pequenas coisas que amamos (...). O chá estava sempre muito quente, sempre queimava minha língua (...) mas não tinha importância, pois eu sabia que quando o chá queimava minha língua, ele estava queimando o amor de Papa em mim". (p. 14) 
Jaja é o irmão mais velho, seguia tudo como a irmã, até chegar um momento em que começa a se questionar e se revoltar contra aquilo que era forçado a fazer. E o início do livro se dá exatamente em um desses momentos críticos, pois Jaja havia se recusado de receber a hóstia. Em vários momentos desejei ler o livro por meio do ponto de vista dele.

O pai, católico convicto, abolia qualquer outra coisa que considerasse pagã ou errado aos seus princípios, mesmo que isso significasse castigar a família caso esses descumprissem suas regras. Fica muito evidente os efeitos da colonização branca, principalmente, nesse caso, o da religião. Tudo o que fosse mais parecido com os costumes dos brancos, ele considerava superior, e dessa forma, um padre europeu era sua grande admiração.

A mãe é uma mulher que o tempo todo parece ficar à sombra do marido. Não falava muito, apenas dizia as frases adequada aos momentos. E apesar de todo o contexto de abuso, era "grata" ao marido que mesmo tempo oportunidades, não a traia com outras mulheres.

Em contraste à essa família, somos apresentados a outros personagens, como a irmã do pai, a tia Ifeoma e seus filhos. Amaka, a filha, diferente da prima Kambili (apesar da mesma idade praticamente), era uma garota questionadora e cheia de críticas e perguntas. Ela sem dúvidas e minha personagem preferida, ainda que inicialmente não tenha gostado da atitude dela.
Eu ri. O som foi esquisito, como se eu estivesse ouvindo a risada de um estranho numa gravação. Acho que nunca tinha me ouvido rir antes. (p. 191)
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