ISBN: 978-85-8461-183-6
Editora: Évora
Ano de Publicação: 2018
Páginas: 192
"Caveiras é um suspense policial com elementos de horror sobrenatural que mergulha na violência do Rio de Janeiro."
Um jornalista cumpre sua função buscando dados para escrever sua reportagem sobre a morte de mais um garoto, provavelmente iniciado na carreira do crime ou vítima de bala perdida. Uma mãe desesperada lhe conta que a morte de seu filho foi feita por policiais, mas não qualquer um, e sim a tropa de elite: o BOPE.
Resta dois caminhos. E um deles é seguir em frente buscando a verdade, mas será que a verdade é a melhor resposta?
"Os policiais tinham várias formas de encobrir suas cagadas: ou diziam que tinham matado a vítima em legítima defesa; ou davam um sumiço no corpo; ou afirmavam que a vítima havia sido morta por bandidos da própria favela; ou que ela tinha sido atingida por uma "bala perdida"." (p.16)
Durante a leitura somos apresentados a várias personagens, com algumas temos um contato breve, como no caso de Serginho, o menino que foi morto, outras acompanhamos durante mais tempo: o jornalista. Gostei dele. Em um contexto como o apresentado pelo livro, falta a coragem que ele apresentou, mas faltou precaução, ou talvez, seja essa a verdade, não existe final feliz para "os bons" e heróis que se dão bem existe só nos filmes hollywoodiano.
A história é boa, enredo digno de filme. Lógico que eu não vou deixar de criticar, faz parte. Porém provavelmente (tenho quase certeza), que os pontos em abertos que o autor deixou, foram propositais. Mas poxa, eu queria muito saber o aconteceu com o Cesário e toda a loucura que ele começou, era droga ou coisas do além mesmo?
"Acordei na minha cama desesperado, tentando estancar um sangramento onírico no meu pescoço. "(p.48)
Achei genial a crítica (nem sei se é uma crítica mesmo, mas entendi assim) que o autor fez em relação a religião. É fácil cometer atrocidades e depois ficar de boas com Deus, não é mesmo? Acho que a visão de muitas pessoas sobre espiritualidade está equivocada, mas isso é conversa pra outro capítulo.
"Era surpreendente que ninguém tivesse prestado atenção a esse verdadeiro massacre. Talvez porque a sociedade não se comova com a morte de crianças pobres." (p.105)
O autor foi muito perspicaz. Não conhecia seu trabalho, mas já me considero fã só pela audácia em escrever uma história dessas usando a mais poderosa força policial (brasileira, claro).
Não poderia deixar de mencionar que lembrei do assassinato de Marielle Franco. Acho que o contexto (favela do Rio), confronto policial e morte de crianças/adolescentes me recordaram que a realidade brasileira não é a melhor. Além de saber que a intervenção policial está a mil e, principalmente nesses últimos dias, morte de pessoas inocentes, infelizmente, não assustam mais.
A ficção sempre ajudando a refletir sobre várias coisas importantes! Talvez esteja mais que na hora de aceitar que neutralidade na literatura também não existe, não é mesmo?
Beijos e até logo!
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