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sexta-feira, 25 de maio de 2018

Caderno de Clara Maria Joana

 Autora: Beatriz Escorcio Chacon
ISBN: 978-85-7823-291-7
Cidade/editora: Rio de Janeiro/Ibis Libris
Ano de Publicação: 2017
Páginas: 120
*exemplar cedido pela editora
Cadernos de Clara Maria Joana irá transcorrer sobre três gerações, três mulheres, avó, mãe e filha. Relatos de três vidas, onde Clara irá contar sobre suas juventude, com lembranças da avó e da mãe.

A narrativa não segue o padrão, então no começo é um pouco estranho, até porque elas se referem a si mesma como terceira pessoa em algumas partes, então eu demorei para entender quem era quem.

Maria, a avó, negra, de cabelos cacheados. Joana, a mãe, branca, não gostava de ver sua mãe Maria ter que justificar a presença do pai branco quando perguntavam se era babá da criança. Clara, a filha e neta, criada nos mesmos costumes, não era uma moça prendada nos bordados, cuidado da casa, cozinha, tinha seu caderno, onde escrevia suas canções, sonhava em gravar um disco, não queria aquela vida, queria mais, ser famosa, ser livre, cantar.
A escrita é totalmente diferente de tudo o que eu já li. Tem uma linguagem não só própria, mas sem qualquer regra, sem pontuações, sem ser exatamente coerente. Muitas palavras eram desconhecidas para mim. 

É interessante a forte presença do regionalismo, sendo uma narrativa marcada por aspectos culturais, uma escrita pertencente a um lugar, costumes/hábitos, e uma época. Além de transcorrer sobre a temática social, estando presente exemplos de racismo, diferenças sociais e de gênero.
Não conhecia nada sobre a autora, e nas pesquisas que eu fiz, também não consegui encontrar muita coisa. O livro é uma homenagem a Cordélia Santos, uma radioatriz que iniciou sua carreira na década de 50 e faleceu em 2016 exatamente no Dia Mundial do Rádio.
E não poderia deixar de citar que o livro tem algumas ilustrações e fotos antigas muito bacanas, e essa capa maravilhosa.

"Eu só caio se me arranca a pintura do olho (...) que se a noite vier sem nenhuma asa, eu crio!, dormir é viver só metade, se meus dias são ralos e ralos eu aproveito cada fiapo que sobra lá na fábrica e costuro um milagre" (...) p. 56

2 comentários:

  1. Querida, obrigada, valeu pelos comentários sobre este livro sui generis. Beijos. Thereza Christina Motta (editora da Ibis Libris).

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