Páginas

domingo, 22 de novembro de 2015

Apenas um sorriso

      Estava olhando nas vitrines procurando um presente para comprar quando sem querer esbarrei no braço de uma garota, apressadamente pedi perdão e ajudei ela pegar os livros e papeis que caíram no chão.

    Ela ainda era jovem, estatura baixa, cabelos bem pretos que modulavam seu rosto delicado com lindos olhos azuis. Peguei a última folha e enquanto entregava para ela pedi desculpas novamente, afinal, ninguém gosta de estranhos desastrados que saem derrubando tudo.

      Mas ao invés de ela responder ou simplesmente balançar a cabeça como muitos fazem quando leva um esbarrão, ela deu um sorriso, aqueles com olhos e tudo. O sorriso perfeito para eu ser desculpada e alegrar o resto do meu dia que até então não estava nada bom.

    Comprei um chaveiro e mandei embrulhar e quando sai olhei mais uma vez para ela pensando se tornaria ver aquele rostinho. Certamente que não, quase não ia para aqueles lados e sempre estava mudando de cidade.

      Anos depois, bem depois... já tinha ido embora e voltado, estava sentada em um barzinho movimentado, já era tarde e eu ali sozinha tentando adiar os problemas que tinha para resolver, sempre odiei fazer escolhas e estava me sentindo muito mal mesmo.

     Senti alguém me cutucando, mas nem virei, não queria ser incomodada e muito menos explicar o por quê de meu rímel estar borrado e escorrendo junto com as lágrimas rolando pelo meu rosto. Sinceramente, eu devia estar horrível!

     Então a pessoa parou na minha frente e apontou para o banco vazio ao meu lado, tem alguém aqui? Não tinha. O que chegava a ser engraçado, parecia obra do destino: Um bar super lotado e um banco vazio, bem ao meu lado. Balancei a cabeça negativamente e continuei quieta.

     A moça sentou e pediu alguma coisa que não escutei, depois virando-se para mim ela disse:

     - Desculpe incomodá-la, mas você quer um lenço? E estendeu um lenço para mim, eu não quis pegá-lo, estava tão limpo que senti pena de sujá-lo, ela insistiu, e quando virei para falar que não precisava, ela sorriu para mim, então me lembrei da mocinha que anos atrás tinha me dado aquele mesmo sorriso.

      Sorri de volta e falei:
    - Acho que já nos vimos. – Ela continuava com o mesmo rostinho lindo, apenas mais amadurecido.

      Ela concordou e disse:
     - Já sim, você me ajudou pegar meus livros que cairão no chão. – Ela foi cuidadosa em não dizer: “Que você derrubou”. – Pode usar meu lenço, não me importo de sujá-lo.

     Então ficamos ali, conversando por horas. Foi tão incrível, maravilhosamente incrível. Quando fui embora, já não chorava mais, e sim sorria. E o mais importante é que já sabia qual era a escolha que eu ia fazer, e ainda, tinha encontrado uma nova amiga.

     Enquanto caminhava para minha casa, onde pretendia passar os meus próximos anos, pensava o que seria de mim se não fosse desastrada a ponto de esbarrar nas pessoas e fazê-las derrubar os livros que estavam segurando. Como a vida é estranha! 

4 comentários:

  1. Oi Renata!
    Que texto inspirador, com toda a certeza, um sorriso pode fazer total diferença.
    Sou adepta a sorrisos e abraços sinceros! ;)
    Conheci seu blog hoje e já comecei a seguir.
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Alessandra!
      É verdade... um sorriso é capaz de mudar tudo.
      Amo sorrisos espontâneos e sinceros!
      Que bom :)
      Beijoss

      Excluir
  2. Queria ser desastrada assim kkkk. Belo texto
    http://garotassemcontrole.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir

Pin It button on image hover