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quinta-feira, 20 de julho de 2017

Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil

O Olho da História
No post de hoje venho falar sobre um documentário chocante. Sei que a maioria dos posts são sobre livros, acho que só fiz um post sobre filme até hoje, mas gosto tanto de documentários, que pode ser que este não seja o primeiro a aparecer por aqui. 

O Menino 23: Infâncias perdidas no Brasil é um documentário que conta sobre a vida de cinquenta meninos negros que foram tirados de um orfanato no Rio de Janeiro pela família Miranda Rocha e levado para a Fazenda Santa Albertina no interior de São Paulo, em Campina do Monte Alegre, sendo prometido estudos e uma vida melhor, que na verdade, nada mais era do que trabalho escravo.
Menino 23
Em um dia, durante uma aula de história, o professor falava sobre o nazismo aos seus alunos e mostrou a foto da suástica, não imaginava que uma aluna levantaria a mão e afirmasse que ela já havia visto aquele "desenho" na fazenda onde morava. Na próxima aula ela leva em sua mochila um tijolo e entrega ao professor. No meio do tijolo estava estampada o símbolo do holocausto. E então as descobertas se iniciam...
No documentário tem-se o contato direto com a história de dois "meninos" e com a família de um terceiro, que já havia falecido. É intrigante, triste, chocante e revoltante, como a infância não só desses, mas de milhares de crianças foram roubadas.

Quero saber da minha mãe, pai e irmãos antes de morrer. É muito triste ficar velho sem saber quem é nossa família. Como não conheci ninguém, sou assim meio revoltado. Dá um negócio assim…Uma revolta danada daquela vida na fazenda.
Menino 23



O documentário é dirigido por Belisário Franca e é fruto da tese de doutorado do professor dr. Sidney Aguilar Filho, e não para por ai, em breve será lançado o livro. 
Há uns quatro anos eu ganhei uma revista de história da Biblioteca Nacional (que infelizmente não sei que fim levou), e lendo encontrei um artigo que falava sobre a pesquisa do Sidney, contava a história da fazenda e dos meninos. Lembro que fiquei chocada em saber que algo horrível tinha acontecido tão próximo.
Esse trabalho não só me chama atenção por ser relacionado à história, ao nazismo, às crianças, mas envolve tudo isso e mais, aconteceu no meu estado, tão próximo...  E então, depois de todo esse tempo que li o artigo em uma revista, fico sabendo que teria um cine-debate sobre o Menino 23 na minha faculdade! Claro que não podia perder.
E que experiência transformadora poder ouvir a história nas palavras do próprio pesquisador, pois ao final do documentário formou-se uma banca com uma diretora da Secretaria da Educação de uma cidade vizinha, uma professora doutora da faculdade, uma outra doutora que apesar de ser coordenadora do núcleo étnico-racial da minha faculdade eu ainda não a conhecia e o próprio Sidney.
Nesse debate as convidadas falaram suas percepções sobre o documentário e depois o Sidney falou mais um pouco antes de abrir para questões.
E em uma de suas falas, ele tocou em um assunto que me deixa muito angustiada: penso que no futuro iremos nos assustar com a realidade que vivemos hoje que para nós é “normal”, sim, eu tenho medo de me acostumar com o que vivemos e não perceber as atrocidades que ainda existem.
Arquivo Pessoal
Outro ponto, é que em todos os momentos em que estudei sobre a história nazista, estava direcionado na Alemanha e ao sofrimento dos judeus. Foi estudando sozinha, relatos de professores da faculdade, que percebi como na verdade foi um movimento muito maior, não só os judeus foram levados ao holocausto, mas negros, homossexuais, deficiente, tudo o que para os nazistas, destoavam do que eles consideravam puros e humanos, como por exemplo, os ciganos, que eram vistos como animais e as crianças morriam pisoteadas pelos soldados. E além disso, não acontecia só na Alemanha ou na Europa, que seja, mas em muitos outros lugares escondidos, como no Brasil, pertinho de nós.
Fazenda Santa Albertina
Para saber mais:
Site do documentário - Menino 23

2 comentários:

  1. Ai, isso é de cortar o coração! O nazismo foi, na minha opinião, a pior coisa que aconteceu na história da humanidade. Fico feliz em ver pessoas investigando e mostrando pro mundo os danos que ele causou. Principalmente aqui no Brasil, um país que esconde muito as partes escuras do seu passado.
    E que incrível esse debate que aconteceu na sua faculdade! A vida acadêmica nos proporciona coisas maravilhosas, né?

    Beijos, querida!

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    Respostas
    1. Sim, foi um acontecimento muito chocante que até hoje temos as cicatrizes, não é a toa que é chamado da Grande Guerra, né?
      Aprendi e cresci muito na faculdade! E esse debate foi uma das coisas maravilhosas que pude experienciar na faculdade (apesar de ser um tema tão triste).
      Beijos linda <3

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