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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Cavalheiro

Quando falava que ele havia sido um cavalheiro, as pessoas riam e trocavam olhares uns com os outros. Demorei, a saber, o verdadeiro motivo que quando eu falava essa frase parecia uma piada de mau gosto. Mas as pessoas, por mais que eu ficava chateada ao verem que elas não concordavam comigo, não queriam me magoar com a verdade, e por não ter coragem de me contar, me evitavam para não precisar me ouvir falando sobre meu cavalheiro.
Até que um dia, depois de uma pequena viagem que fiz para a casa de um parente, retornei a cidade, e, como senti saudades, fui ao café onde a maioria se reunia para falar sobre a vida. Ao entrar, estranhei o modo que eles reagiram com minha chegada, a senhora que era minha amiga e trabalhava ali, falou:
- Não estávamos esperando que você já viesse para cá direto, pensamos que ia descansar depois da viagem. – Como eu não respondi nada, ela continuou – Bem... a surpresa foi porque estávamos falando exatamente de ti.
Arregalei os olhos pelo modo direto que ela falou, mas antes que pudesse responder ela se aproximou de mim e me entregou um envelope e disse:
- Todos nós queríamos de falar algo, mas tememos em deixá-la magoada, porém ninguém mais aguenta você não saber da verdade. Então, resolvemos escrever uma carta com algumas provas, e deixar por sua conta decidir o certo e errado. Não podemos julgá-la. E se não quiser mais falar conosco, entenderemos, apesar de isso doer em nós, pois gostamos muito de você.
Peguei o envelope, olhei para aquelas pessoas, e, me senti incomodada com tudo aquilo, não fazia mínima ideia do que estava acontecendo, ou talvez até imaginasse, mas preferia acreditar que não se tratava daquilo. Agradeci a ela, dei um sorriso, e tentei guiar meus pés até a porta sem cair, minha cabeça girava.
Quando me vi dentro de casa, joguei minha bolsa no chão, sentei no balcão da cozinha e ali mesmo abri o envelope. Tinha duas folhas escritas a mão, frente e verso, e outro pequeno envelope. Não demorei em ler.
Depois de ter engolido todas aquelas palavras, não precisei abrir o pequeno envelope para saber o que tinha dentro, já sabia o que iria ver. Não sei explicar o que senti no momento, é estranho falar sobre sentimentos tão intensos. Mas posso dizer que doeu sim, como muitas vezes já ouvi falar que a ignorância é uma benção, e não posso deixar de concordar, mas também temos que aprender a lidar com a verdade, para superarmos os problemas, ou então, cada vez mais ele nos engolirá.
Depois de alguns dias resolvi abrir o pequeno envelope, confirmando o que tinha pensado. Eram fotos do meu cavalheiro, fotos dele e de pessoas do seu passado, presente, e, obviamente do seu futuro. Mas naquele momento eu entendi que ele fez o certo, só não precisava ter escondido os fatos.
E depois de eu saber tudo isso, você deve estar se imaginando se ainda acho que ele foi um cavalheiro. Acho. Por que não acharia? Se as pessoas não tivessem me contado a verdade, eu jamais iria descobri-la, então devo dizer que esse foi o trabalho dele, ele foi esperto, astuto o suficiente para me fazer acreditar. Se o que vivemos foi falso da parte dele, não posso dizer por mim mesma, talvez no momento tenha sido de fato verdadeiro, e prefiro pensar assim. Afinal, o príncipe encantado deve ficar com a princesa em seu castelo, e, sinceramente... Não estou afim!

O texto faz parte do projeto 642 coisas sobre as quais escrever, se quiser saber mais sobre o projeto, clique aqui. É o tema 124: Abra o dicionário em uma página aleatória e escreva uma história baseada na primeira palavra que leu, e a palavra foi:
CAVALHEIRO, s. m. Homem bem educado e de bons sentimentos; homem que acompanha uma senhora; aquele que dança com uma senhora; cavalheiro de indústria: aquele que vive de expedientes; ladrão astucioso; adj. Distinto; nobre; cavalheiresco.
Só por curiosidade, quando eu li o significado da palavra, achei engraçado ela poder se referir a um ladrão (astucioso/esperto) e um nobre, já que muitas das vezes são adjetivos opostos. Então agora você já sabe de onde surgiu minha inspiração ;)

Espero que vocês tenham gostado.
Não se esqueçam de deixar seu comentário.

Beijinhos

10 comentários:

  1. Que lindo ver você escrevendo para o projeto. Amei seu texto! :)
    Beijos!

    lesobrinho.blogspot.com

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  2. Olá Renata,
    Parabéns! Imaginação, criatividade e talento você tem de sobra. Amei!!
    http://garotassemcontrole.blogspot.com/

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  3. Que texto ótimo, parabéns flor :*

    Cris.

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  4. Fiquei extremamente curiosa pra saber o que tinha na carta, hahahahaha. Adorei o texto, muito lindo!
    http://girlswholoveparis.blogspot.com.br/

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